Ao árbitro, pessoa que representa a autoridade no jogo, exige-se a capacidade de observar tudo e de fazer julgamentos perspicazes num piscar de olhos, mas ao mesmo tempo é necessário manter a calma para responder a provocações e insultos verbais. A Sra. Alice Si Man Lei – a primeira árbitra feminina de Macau da FIBA da Federação Internacional de Basquetebol – tem vindo a desempenhar o papel de árbitro ao longo de mais de uma década, não só em jogos locais, mas também, em muitos eventos internacionais e multidesportivos. Alice Lei refere que cada jogo é um desafio que lhe permite realizar todo o seu potencial.
Como ex-jogadora da Selecção de Basquetebol de Macau, Alice Lei teve o seu primeiro contacto com o papel de árbitro em 1996, com o intuito de aprofundar os seus conhecimentos sobre as regras do jogo e a perspectiva dos árbitros na aplicação das suas decisões. No entanto, rapidamente se apaixonou pelo trabalho de árbitro e veio a passar nos exames para obter a licença de árbitro da FIBA, tornando-a na primeira árbitra feminina e internacional de Macau. Alice Lei relembra: “Quando passei o meu exame, houve na altura uma grande reacção em Hong Kong e em Singapura, uma vez que estas duas regiões concentravam-se apenas no treino de árbitros masculinos.”
A Primeira Árbitra Internacional de Macau
A capacidade de Alice Lei em aplicar as regras como árbitro foram confirmadas, não só, pela Selecção de Basquetebol de Macau, onde desempenha o papel de árbitro acompanhante, mas também, pela FIBA e FIBA Ásia que lhe proporcionaram a oportunidade de servir como árbitro neutro no Campeonato de Basquetebol Internacional da Copa das Nações do Golfo realizado em Doha e na Liga de Basquetebol Sub-20 da Letónia.
Alice Lei também participou nos Jogos da Ásia Oriental, Jogos Asiáticos em Recinto Coberto, Jogos da Lusofonia e outros grandes eventos multidesportivos. Como uma árbitra experiente, Alice Lei refere: “As oportunidades da Selecção de Basquetebol de Macau em participar em eventos no estrangeiro são limitadas e por isso as oportunidades de servir como árbitra acompanhante também são relativamente limitadas; na maioria dos casos sou convidada a participar como árbitro neutro, algo que interpreto como um reconhecimento do meu trabalho como árbitra.
Auto-aperfeiçoamento e progresso com o tempo
Os jogadores e o árbitro estão em lados opostos num jogo e, normalmente os árbitros são ocasionalmente alvos de críticas e abusos verbais dos jogadores incapazes de controlar as suas emoções. Alice Lei teve este tipo de experiências no ano passado com o jogador infractor que sofreu uma suspensão de um jogo pelas suas acções. Alice Lei admite: “Existem muitas pessoas no mundo com personalidades diferentes. Desde que tenhamos a capacidade e confiança em nós próprios, e trabalhemos continuamente no auto-aperfeiçoamento, não nos devemos preocupar se não concordem com as nossas decisões.”
Alice Lei acredita que os conflitos entre os jogadores e os árbitros raramente acontecem em regiões onde existe um elevado nível de literacia ou conhecimento, uma vez que tanto os treinadores como os jogadores têm um bom conhecimento das regras do jogo e são capazes de lidar com as situações de forma racional. Alice Lei, também refere que é importante progredir com os tempos, pois ajuda a aprofundar a compreensão das regras do jogo e contribui para diminuir as hipóteses de cometer erros.
Um exercício de Quociente Emocional (QE) para distinguir o certo do errado
Alice Lei raramente discutia com o árbitro enquanto jogadora, uma vez que há muito que aprendeu que “perder a sua paciência não ia mudar a sanção” e, desde que se tornou árbitra tem uma compreensão ainda melhor destas situações.
Alice Lei afirma: “Este trabalho é na verdade um exercício de QE, uma vez que exige tanto o julgamento subjectivo como a prática objectiva, para garantir que o jogo se desenvolva sem problemas. Esta é uma lição perfeita para me ensinar a distinguir entre o certo e o errado na minha vida quotidiana: como árbitro, claro que procuramos minimizar os erros. Todas as vezes que confrontamos uma situação devemos procurar a confirmação imediata, pelo que, eu analiso a minha actuação depois de cada jogo.”
Alice Lei cultiva activamente jovens talentos
Alice Lei refere: “A carreira de árbitro é bastante mais longa que a de um jogador.” Não obstante, o sangue novo é importante para que possa haver jovens árbitros em Macau no futuro. A Associação de Basquetebol Macau, China irá gradualmente anunciar mais Cursos de Formação de Árbitros, Estágios de Árbitros Assistentes e outras actividades, para permitir a participação dos jovens nesta actividade e contribuir para o desenvolvimento do basquetebol. Alice Lei, que está envolvida activamente em grandes eventos internacionais, está sempre disposta a partilhar as suas experiências com jovens árbitros.
Macau lança o primeiro curso de avaliação
Para atrair mais jovens para a actividade de arbitragem, a Associação de Basquetebol Macau, China tem vindo a lançar nos últimos anos vários Cursos de Formação sobre Regras de Basquetebol, como por exemplo, a realização no ano passado da Formação para Instrutores de Árbitros Nacionais da FIBA, ÁSIA, que visou assegurar pessoas para o sistema de promoção. Alice Lei diz: “De acordo com a FIBA Ásia, Macau foi a primeira região a lançar a Formação para Instrutores de Árbitros Nacionais o que tem vindo a atrair pessoas de outras regiões, apesar de nós apenas aceitarmos residentes locais.”
Os Jovens árbitros têm falta de iniciativa
Os jogadores locais por vezes desempenham simultaneamente o papel de árbitro.
“Quando os jovens jogadores desempenham o papel de árbitro simultaneamente”, diz Alice Lei, “por vezes podem não ser suficientemente objectivos nas suas decisões. Afinal, estes são dois papéis distintos. Quando se está a arbitrar não nos podemos preocupar muito com os sentimentos dos jogadores.”
Ela também considera que a maioria dos jovens árbitros em Macau tem falta de iniciativa, perdendo muitas oportunidades na aplicação das regras e de acumular experiência.
“Alguns árbitros apenas agem quando lhes apetece,” diz ela. “Pode ser devido ao sentido de competitividade, mas a competição em Macau não é intensa. Ao contrário, os árbitros estrangeiros apreciam e valorizam as oportunidades de aplicar as regras do jogo. Além disso, os árbitros que passam o exame e obtêm a licença e, se raramente aplicarem as regras do jogo, irão então certamente sofrerem um declínio nos níveis do seu trabalho como árbitro.”