Amor de Macau – O Sr. Cheong Lam San, que trabalhava como motorista de autocarros de turismo, perdeu ambos os pés há vários anos num acidente de viação. Inicialmente devastado, o Sr. Cheong Lam San teve a sorte de redescobrir o significado da vida através da participação em actividades desportivas, tirando actualmente o melhor proveito destas actividades, contando com apoio e encorajamento da sua família. O Sr. Cheong, tem esperança que a sua experiência pessoal possa ajudar outras pessoas com deficiência e transmitir uma mensagem positiva aos adolescentes, fazendo-lhes ver que a vida é preciosa.
Aprender a Lutar para Ser Forte
O Sr. Cheong Lam San de 54 anos de idade, levou bastante tempo a adaptar-se à perda dos seus pés. Ele recorda, “o acidente aconteceu e fui acometido por um enfarte do miocárdio. Quando recuperei a consciência, e após ser assistido no Hospital Conde S. Januário, verifiquei que ambos os meus pés tinham sido amputados. Naquela altura, não podia aceitar a realidade; estava como um louco. Tive muita sorte em receber aconselhamento da parte de psicólogos e assistência médica; foi graças a estes apoios que eu gradualmente me acalmei.”
O acidente transformou significativamente a vida do Sr. Cheong. Ele não tinha vontade de enfrentar o mundo exterior: sempre que saía, cobria a parte inferior do seu corpo com uma grande toalha. Todos os seus amigos desapareceram após o acidente, e mesmo a sua mulher o deixou. “A minha irmã mais nova deixou o seu emprego para se concentrar e cuidar de mim. A sua atitude, fez com que eu percebesse o poder da família e a necessidade de me fortalecer. A minha irmã tornou-se agora no meu pilar espiritual”. Encorajado pela sua irmã Sra. Sio Lin, o Sr. Cheong tornou-se membro do Comité Paralímpico de Macau-China, dando início a um novo capítulo na sua vida como atleta com deficiência de pingue-pongue. Não apenas fortaleceu o seu corpo através do desporto, como também fez amigos, o que lhe permitiu reintegrar-se na sociedade.
Colocarmo-nos no Lugar dos Outros para Sentir Pessoalmente
O Sr. Cheong, compreende perfeitamente o envolvimento e o desespero quando uma pessoa saudável e capaz fica subitamente com uma deficiência, especialmente quando esta situação provoca grandes mudanças, tanto na vida quotidiana como na espiritual. Assim, espera poder partilhar a sua experiência pessoal com outras pessoas com deficiência, com o objectivo de ajudá-las a integrarem-se melhor na sociedade. “As pessoas com deficiência, sentem-se frequentemente desprezadas, mas o seu espírito pode ser melhorado se eles participarem mais frequentemente em diferentes actividades. No período inicial que se segue a termos alta do hospital, é fácil e frequente termos arroubos de fantasia sobre todo o tipo de coisas e culparmo-nos. Contudo, quanto mais pensamos de forma tão negativa, mais deprimidos ficamos. Ao ver que os adolescentes tentam ocasionalmente suicidar-se devido a problemas de aprendizagem ou amorosos, o Sr. Cheong recorda a todos que “A vida é curta e devemos dar-lhe valor”.
Compreender a Vida através do Desporto
Ocupar-se com actividades desportivas foi originalmente uma tentativa de afastar os pensamentos sobre a sua traumatizante experiência. O Sr. Cheong, para além de receber formação e treino, nunca pensou que alcançasse alguma coisa, especialmente representando Macau em competições no exterior. O Sr. Cheong refere que “o Pingue-pongue deu-me um encorajamento tremendamente crucial. Quando efectuei os primeiros treinos em Guangzhou, apercebi-me que muitas pessoas no mundo têm uma vida pior que a minha. Esta tomada de consciência, transformou também muito a minha forma de pensar.”
O Valor do Amor Familiar
Amor de Macau – Ambos os pés do Sr. Cheong Lam San tiveram que ser amputados devido ao acidente, e levou muito tempo a emergir da sua sombra. A importante contribuição da sua irmã, Sra. Sio Lin, não pode ser ignorada: ela largou o seu emprego para poder cuidar do seu irmão, permanecendo a seu lado e fazer face às contrariedades da sociedade, para que ele pudesse encontrar a saída para as suas tarefas quotidianas. A Sra. So Lin, referiu ainda que as pessoas com deficiência necessitam muito do apoio das suas famílias e espera que todos possam refazer as suas vidas.
O Encorajamento da Irmã para Sair do “Mundo das Trevas”
O Sr. Cheong, permaneceu no hospital durante quase um ano. A Sra. Sio Lin, revelou que ficou profundamente admirada quando tentou levar o seu irmão para cortar o cabelo: “De início, o barbeiro recusou. Levou muito tempo a persuadi-lo para que finalmente concordasse em cortar o cabelo ao meu irmão. Eu fiquei desolada”. A Sra. Sio Lin, despediu-se do seu emprego para cuidar do seu irmão, provendo às suas necessidades quotidianas. A perda repentina de rendimentos foi felizmente suprida pelo seu marido, que lhe retirou todas as suas preocupações. No entanto, no processo de aceitação da súbita transformação do seu irmão, ela foi confrontada com uma enorme pressão psicológica: “recebi aconselhamento e por vezes falava com os assistentes sociais para procurar conforto”. Vendo que o seu irmão estava muito desanimado, ela encorajou-o constantemente para sair do “mundo de trevas” em que este se encontrava, acompanhando-o na participação em actividades organizadas pelo Comité Paralímpico Macau-China, na esperança deste encontrar uma saída. Ficou muito confortada, quando viu que o seu irmão encontrou finalmente no pingue-pongue o seu objectivo na vida.
Aprender a ser Autoconfiante
António Fernandes, Presidente do Comité Paralímpico Macau-China e da Associação Recreativa e Desportiva para os Deficientes da China, acredita que “em apenas dois curtos anos, o Sr. Cheong transformou-se de um iniciante no pingue-pongue, ultrapassando gradualmente os seus medos interiores, treinando activamente para se tornar um atleta que agora participa em competições fora de Macau. O trabalho árduo envolvido é avassalador. Espero que outras pessoas com deficiência espelhem este facto”. O Sr. Fernandes prossegue, “Os pais devem tratar positivamente os seus filhos com deficiência, utilizando diferentes métodos para os ajudar a integrarem-se na sociedade. É inevitável que os pais um dia envelheçam, e por isso, têm que aprender por si próprios a serem auto confiantes.”