Wong Hang Cheong, de 25 anos de idade, proporcionou várias “estreias” no ciclismo de Macau. Uma decisão tomada há cerca de uma década, levou-o a dedicar-se a fundo a este desporto. Anteriormente foi um atleta de artes marciais, mas decidiu deixar esta actividade desportiva e escolheu concentrar-se no desenvolvimento do ciclismo artístico. Após sete anos de trabalho árduo, tornou-se finalmente o primeiro atleta de Macau a qualificar-se como um dos três atletas de topo nos Campeonatos Mundiais de Ciclismo. Wong Hang Cheang, explica que descobriu uma superioridade no ciclismo artístico e lembrou à geração mais jovem que uma vez tomada uma decisão, tem que ser responsável e empenhar-se em obter os melhores resultados.
Ser responsável
Antes do seu primeiro encontro com o ciclismo artístico nas Actividades de Verão, Wong Hang Cheang treinava artes marciais, actividade desportiva pela qual recebeu prémios, nomeadamente o segundo lugar no torneio Juvenil de Jogo do Pau nos Campeonatos Asiáticos Juniores de Wushu. Participou também nos Jogos Asiáticos de Busan em representação de Macau. Nessa altura, ainda era capaz de gerir ambos os treinos de artes marciais e de ciclismo. Foi apenas em 2002 que a prática de ambas as actividades desportivas começou a exigir-lhe mais tempo e dedicação. Assim, foi forçado a comparar as suas espectativas: “Escolhi o ciclismo artístico porque me permite fazer novas tentativas assim como explorar e desenvolver as minhas próprias capacidades. Na verdade, seja qual for a actividade que escolha ela não representa o foco, o mais importante, é ser responsável pela minha decisão. Há muito que trabalho arduamente para ser um ciclista artístico competente.”
Não inventar desculpas
O ciclismo artístico tem apresentado algumas dificuldades a Wong Hang Cheong, ao longo de 17 anos de envolvimento neste desporto. Condicionado pelos locais de treino, tem que deslocar-se para diferentes lugares para treinar, o que tem provocado um impacto negativo no seu plano de treinos. Tem sido ainda confrontado com algumas barreiras psicológicas: “No passado, ignorei a importância das qualidades psicológicas, o que me levou a ter resultados insatisfatórios. Não admiti esses problemas até regressar a casa após uma competição em Hong Kong. Foi mesmo antes dos Jogos da Ásia Oriental de Macau e tive que pedir aconselhamento. Em 2010, compreendi finalmente que o verdadeiro significado e importância da competição não residem no número de medalhas de ouro obtidas por um atleta; fui, assim, esclarecido e resolvi os problemas que me afectavam há tanto tempo.” Acrescenta que “Houve falta de apoio técnico ao primeiro grupo de atletas locais. Foram criados uma série de movimentos pelo meu treinador e por mim através de várias tentativas. Isto permitiu-me compreender que quando encontramos problemas, devemos tentar o nosso melhor para os resolver sem inventar desculpas.”
Tudo reside no coração
Lou Lan Fong e Lou Weng Meng, treinadores da equipa de ciclismo representante de Macau e um treinador alemão que se classificou por duas vezes como o segundo melhor ciclista artístico do mundo, todos desempenharam um papel crucial no percurso de ciclismo artístico de Wong Hang Cheong, transformando-o de um principiante no 3º melhor do ranking mundial. Este refere: “Lou Lan Fong e eu éramos como pai e filho e Lou Weng Meng treinou-me desde criança; eu respeito-os do fundo do coração.” Quanto ao treinador alemão, Jose, Wong Hang Cheong refere com franqueza: “Ele foi em tempo o melhor atleta do mundo e agora transmite as suas técnicas através da formação. Ele acredita em mim mais do que eu acredito em mim próprio; está sempre a encorajar-me.”
O inesquecível Lou Lan Fong
Lou Lan Fong, faleceu no início do ano e Wong Hang Cheong ficou muito perturbado: “ele gostava de todos os atletas. Era teimosamente persistente sobre a ‘equidade’, acreditando que todos os atletas devem ter as mesmas oportunidades de desenvolvimento. Esta atitude merece certamente todo o nosso respeito.” Wong Hang Cheong carrega uma responsabilidade ainda maior desde a morte do seu treinador, esperando que possa contribuir mais para a próxima geração de atletas.
Na expectativa de ver outra estrela em ascensão
Wong Hang Cheong, ganhou a medalha de prata nos Campeonatos Mundiais de Ciclismo por duas vezes e a medalha de ouro nos Campeonatos Asiáticos de Ciclismo, estabelecendo assim vários recordes na “estreia” de Macau no ciclismo artístico. Após 17 anos de desporto, decidiu retirar-se a seguir aos Campeonatos Asiáticos. Actualmente envolvido na administração da Associação de Ciclismo de Macau, Wong Hang Cheong diz que “está na expectativa de ver outra estrela em ascensão.”
Reforma no início do ano
Tendo em conta factores como a idade e a capacidade, Wong Hang Cheong decidiu passar para os bastidores do ciclismo: “Sei que ambas a Associação de Ciclismo de Macau e o Instituto do Desporto de Macau investiram muitos recursos em mim, há um ou dois anos, muito mais do que em outros jovens atletas; não sei que recursos necessito para progredir como 3º ao nível mundial, por isso penso ser melhor empregar esses recursos na formação de candidatos mais jovens. A consolidação das bases dos jovens atletas é crucial para o desempenho num melhor desenvolvimento de um elemento desportivo individual no futuro.”
Esperança de fortalecimento da formação de jovens atletas
No que se refere à situação actual do ciclismo artístico em Macau, Wong Hang Cheong acha que a situação é relativamente pouco saudável, assinalando com um suspiro: “No início, não houve muita formação de atletas jovens em Macau, mas outras regiões progrediram. Tomemos como exemplo Hong Kong: as suas bases são fortes e é um território consideravelmente competitivo internacionalmente. Em Macau, contudo – para além de de mim e de Kuan Sok Mui – o resultado de outros concorrentes não é muito favorável. Se nos empenharmos atempadamente, é possível que possamos reduzir a ameaça que as regiões vizinhas representam. Actualmente há mais jovens interessados neste desporto e com vontade de se esforçarem em comparação com o passado.”
Trabalhar com esforço
Trabalhando em estreita colaboração com o seu treinador ao longo dos anos, Wong Hang Cheong alcançou resultados notáveis para além do reconhecimento que ganhou no exterior. Avalia-se a si próprio, como se tivesse completado uma missão impossível. Após retirar-se, este atleta Nº 1 de Macau revelou: “Não estou particularmente interessado em treinar novos atletas; ao contrário, espero vir a ser árbitro. No entanto, não há actualmente forma de tirar uma licença de arbitragem de ciclismo artístico em Macau. Sempre que a equipa precisar de mim, farei o meu melhor para a coordenar. Sou actualmente responsável pelos trabalhos administrativos da equipa para além de fazer a selecção e os horários e itinerários dos atletas que participam em competições fora de Macau, ajudando-os com a minha experiência pessoal.” Wong Hang Cheong trabalha simultaneamente como árbitro e treinador de artes marciais, acrescentando: “Tenho uma paixão por artes marciais até certo ponto. Ao fim e ao cabo, investi tempo nelas.”
Enfrentar a realidade
O ciclismo artístico trouxe grandes benefícios a Wong Hang Cheong, desde medalhas de ouro e de prata, a aprender a lidar com o stress e a gerir o tempo na sua vida. Falando das expectativas dos novos intervenientes, este atleta campeão, espera que levem o treino a sério e com ponderação, enquanto permanecem empenhados no ciclismo artístico: “A participação em desportos não deve apenas visar as medalhas de ouro, visto que factores como o tempo, o lugar e as pessoas são também importantes. A obsessão com a obtenção de prémios, cega-nos e leva-nos a negligenciar todos os outros aspectos. Contudo, devemos também aceitar a realidade da competição porque é bastante difícil prosseguir quando não conseguimos obter resultados satisfatórios. Os atletas devem empenhar-se em alcançar ambos, transformando espontaneamente as suas vidas.”