Hoje em dia a maioria das raparigas gostam de manter a sua pele clara e lisa. Em relação às actividades ao ar livre, a primeira pergunta que provavelmente fazem é: “Quanto protector eu devo aplicar?”. Mas existe uma excepção - Chiang Hoi Ian, adora a pele bronzeada. Independentemente do sol escaldante, chuva torrencial ou ventos gélidos, ela não tem medo de qualquer tipo de intempéries. Durante a sua intermitente carreira de canoagem ao longo da última década, Chiang Hoi Ian sofreu contratempos, lesões e passou pelo ponto mais baixo da sua vida.
Esta mulher de 25 anos aprendeu a persistir perante inúmeras dificuldades. Apesar de ter sofrido várias lesões desportivas, Chiang Hoi Ian, como “irmã mais velha” da equipa, ainda anseia em participar nos Jogos Asiáticos de 2014 na Coreia do Sul, esperando atingir um novo patamar nesta importante prova e, antes de pôr termo à sua carreira desportiva.
Introduzida no desporto por amigos, Chiang Hoi Ian teve o seu primeiro contacto com a canoagem aos 13 anos, tendo-se apaixonado de imediato por este desporto. Chiang Hoi Ian chegou a pensar em desistir, mas com a ajuda e os incentivos do seu treinador, regressou à família da canoagem. Apesar do processo de treino rigoroso, o seu entusiasmo pela canoagem nunca abalou. Ela afirma que, “Não me preocupa ficar bronzeada, expor-me a diferentes tipos de canoas dá-me uma sensação de emoção. Remar sozinha não é tão monótono como as pessoas pensam.”
Chiang Hoi Ian aprecia o tempo que passa em solidão na sua canoa, dizendo mesmo que a ajuda a eliminar emoções negativas, “Se estou de mau humor, gosto de ir andar de canoa”, diz ela. “Depois de desabafar, sinto-me relaxada”.
Confrontada com Contratempos Agarrou o Touro pelos Cornos
Chiang Hoi Ian passou por muitas reviravoltas nos últimos anos. No Campeonato do Mundo de Regatas em Linha da Federação Internacional de Canoagem em 2009, a sua canoa virou perto da linha da meta, causando-lhe grande frustração. Mais tarde, ela estabeleceu um objectivo para si própria, o de atingir um novo patamar nos Jogos Asiáticos de 2010. Este objectivo ajudou-a a sair da sombra. Infelizmente, durante a preparação para a competição, foi-lhe diagnosticada uma hepatite.
“O médico aconselhou-me a parar todos os treinos. Depois de investir tanto esforço na preparação para os Jogos Asiáticos e, como eu me sentia bastante bem, fiquei muito triste naquela altura. Eu, eventualmente convenci o médico a deixar-me continuar a treinar.” Chiang Hoi Ian, que recusou parar com os seus treinos, acabou por bater o recorde de Macau nos Jogos Asiáticos de Guangzhou.
“Fiquei muito satisfeita e entusiasmada naquele momento, e pensei em como todo o meu esforço terá valido a pena.”
O mundo dos atletas é tão simples quanto isto. Dá-lhes grande satisfação conseguir ultrapassar o seu recorde pessoal, seja por um minuto ou um segundo.
Retirar-se após os Jogos Asiáticos para Cultivar Sangue Novo
Desde que Chiang Hoi Ian deu início à sua vida profissional, tem tido menos tempo para treinar, e por isso tomou a iniciativa de oferecer oportunidades de competição no exterior às iniciadas femininas juniores, na esperança que estas adquirem mais experiência.
“Estas raparigas têm treinado com grande intensidade. Apesar de não terem alcançado o meu recorde pessoal, elas irão desenvolver com a participação em competições. Isto irá ajudá-las a criar bases sólidas para a futura sucessão.”
Fustigada por lesões, Chiang Hoi Ian, admite que já tem um calendário para a sua retirada, “a canoagem fez parte do meu crescimento. Este desporto proporcionou-me inúmeras e únicas experiências e, não é nada fácil para mim pendurar os meus remos. Desejo muito participar novamente nos Jogos Asiáticos antes de me retirar.”
Planear pendurar os seus remos não significa que Chiang Hoi Ian irá abandonar o mundo da canoagem. Na verdade, está preparada para cultivar sangue novo no papel de treinadora, e assim partilhar a sua valiosa experiência e conhecimentos com outros. Chiang Hoi Ian considera que a canoagem tem-se desenvolvido nos últimos anos em Macau de forma positiva. Uma hierarquia foi estabelecida para atrair novos atletas e Chiang Hoi Ian está determinada para ensinar. Para a atleta, não é necessário atrair uma equipa de iniciadas antes de começar as aulas, desde que os pais de duas ou três crianças as tragam para aprender canoagem, ela estará disposta a dar aulas.
Amor pelo Trabalho e Aprender a Tolerar
Seja na escola ou no trabalho, a vida de Chiang Hoi Ian está sempre ligada ao desporto. Formada na Escola de Educação Física e Desporto do Instituto Politécnico de Macau, actualmente trabalha como coordenadora de actividades do Macau Special Olympics, orientando os seus membros na prática de remo, canoagem e natação em recinto coberto. O contacto com indivíduos portadores de deficiência intelectual marcou Chiang Hoi Ian profundamente e criou nela o desejo que a sociedade acabe com a discriminação e invista mais na assistência e cuidado destas pessoas.
A Instrução de Pessoas com Deficiência Intelectual
Enquanto aluna universitária, Chiang Hoi Ian fazia ocasionalmente trabalho de voluntariado junto dos idosos. Mais tarde e depois de apresentada pelo seu treinador, ela teve oportunidade de conhecer os jovens do Macau Special Olympics. Foi então que ela decidiu durante o seu 4o ano candidatar-se a um estágio na escola da Caritas.
Chiang Hoi Ian lembra que tanto ela como a sua família e amigos consideraram a sua escolha “alternativa”, mas ela afirma que “todas as pessoas no meu redor consideraram esta decisão bastante estranha, mas eu acreditei que este era o caminho correcto a seguir. Os membros do Macau Special Olympics ensinaram-me a superar dificuldades. O esforço que estas pessoas precisam de fazer diariamente é muito maior que o nosso, e mesmo assim alegram-se, assim como eu, imensamente com um pequeno progresso – fico contente em poder vê-los crescer. Eles lembram-me a minha viagem de descobrimento, que é similar.
Compreensão e Apoio Familiar
No processo de instrução dos membros da Macau Special Olympics, Chiang Hoi Ian aprendeu as técnicas necessárias para conviver com estas pessoas. Ela descreve-se como uma “irmã” entre as pessoas portadoras de deficiência intelectual e fica indignada quando alguém lança um olhar estranho para os seus “irmãos mais novos”. “Eles são capazes de fazer o mesmo que nós. Não há necessidade de se ser mais inteligente do próximo. Desde que sejam capazes de provar as suas capacidades, não devem ser alvo de discriminação.”
A aprender através do ensino, desde do momento em que Chiang Hoi Ian se tornou treinadora na Macau Special Olympics, ela procura obter respostas nos livros quando é confrontada com algum problema. “Eu desfruto o meu actual trabalho. A minha família compreende que eu descobri os meus interesses e apoia-me totalmente.”